SV#151: Descorchados 2023

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Guia Descorchados é o mais influente compilado de vinhos sulamericanos. Idealizado pelo chileno Patrício Tapia, o Guia em 2023 comemora seus 25 anos apresentando vinhos do Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e, pela primeira vez, Peru e Bolívia.
Neste episódio eu conto sobre o evento de lançamento do Guia em São Paulo (teve babado. De novo!) e comento os destaques de Brasil, Uruguai, Peru e Bolívia.


Meus destaques do evento de lançamento do Guia Descorchados 2023

Como eu comento no podcast, o evento estava ótimo: muitos produtores queridinhos (e oportunidades de enotietagem) e também alguns novos, em busca de importador ou de dar visibilidade ao trabalho. Esse foi o caso da Vinícola Uvva – novíssimo empreendimento na Chapada Diamantina e que eu há tempos queria conhecer.

A lotação estava adequada, possibilitando transitar com tranquilidade entre os stands, inclusive os tradicionalmente mais concorridos como o do queridinho dos brasileiros Alejandro Vigil. Foi uma boa oportunidade para conhecer ou reprovar clássicos sulamericanos mas meus destaques são as novidades.

Altar Uco Edad Media Blanco 2019 (Argentina)

Há tempos queria provar e que honra prová-lo diretamente com seu criador Juampi Michelini!
Esse vinho é tipo a “pedra filosofal” do projeto Altar Uco. Uma cofermentação de Chardonnay, Chenin e Sauvignon Blanc em ovo de cimento e com vêlo de flor (que anda bem na moda aqui em casa). Complexo e refrescante (mas nem aparece no Guia. Patrício pelo jeito não curtiu).

Genitori Mío 2019 – Super Uco (Argentina)

Pois é, sou enotiete dessa turma que consegue essas expressões tão, tão, tão diferentes de uvas tradicionais. Desse aqui Patrício tb gostou. Deu 96 pontos. É um 90% CS/10% Malbec cofermentado + 12 meses em barricas velhas. Notas terrosas e de ervas muito diferentes e ótima acidez. De quebra conheci o Gabriel, único do clã que me faltava 🤩

Gran Enemigo Torrontés 2019 (Argentina)

Eu sei que todo mundo é fã do Cabernet Franc, mas vale super provar esse Torrontés! (e vindo de alguém que costuma fugir de Torrontés isso já diz muito haha). Não sei se é a altitude (1.600m), os solos calcáreos ou a mão do Vigil (muito provavelmente é um pouco de tudo isso junto), mas pode ir na fé: em lugar dos famigerados aromas de “perfume de vó”, notas de ervas e uma super acidez. Com um tiquinho de sorte, rola enotietagem aqui também! Vigil está circulando pela feira!

Cru d’Exception Albariño 2020 – Família Deicas (Uruguai)

Fiquei curiosa com esse Albariño na linha top da Família Deicas. Solo granítico, proximidade do mar e 15 meses de barricas com as lías. Frutado com super acidez e toque salino. Ganhou 95 pontos do Patrício. Outra curiosidade da Deicas que vale provar é o “Suelo Invertido” – eles reviraram o solo, trazendo a parte calcárea para cima e a parte fértil para baixo. A gente sente o calcáreo no vinho!

Lomas Coloradas 2021 e Los Pellines 2018 – Ana María Cunsille (Chile)

Dois vinhos da Ana María Cumsille –  uma produtora que eu não conhecia e que foi eleita enóloga revelação no Chile em 2023. Ambos os vinhos são do Itata, no sul do Chile. O Lomas Coloradas é um 100% Cariñena – variedade rústica e que nunca me animou muito. As vinhas de 200 anos plantadas em arbolito e o clima frio devem fazer toda a diferença, porque o vinho é delicioso! Um Cariñena leve, acredita? Ainda mais se considerar que é fermentado (50%) com engaços! Se ela estiver no RJ, PROVEM!!! Já o Los Pellines é um laranja (que não podia faltar aqui, né?). 50% Moscatel (que não é pouco!),32% Semillón e 18% Torontel. Zero aroma de perfume de vó! 7 meses com as cascas e 4 anos em barricas usadas. PROOOOOVEMMMMM!

Vinícola Uvva (Brasil)

A vinícola toda! Eu sou novidadeira e estava doida pra conhecer os vinhos desse ambicioso projeto na Chapada Diamantina. Os vinhos são de dupla poda e têm uma acidez DE-LI-CI-O-SA! A acidez, aliás, é o que eu mais sinto falta nos vinhos de dupla poda do Sudeste. O enólogo Marcelo Petroli me garantiu que não faz nenhuma correção de acidez – é só o terroir mesmo. Os vinhos são menos alcoólicos e mais delicados que os do Sudeste – foram bem pontuados pelo Guia, que é notório por valorizar esse estilo.

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