SV#155: Brancos da Bairrada – com Luis Pato

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Berço do espumante portugês (a pequena região é responsável por quase metade da produção do país) e famosa pela potente uva Baga, Luis Pato nos conta porque os vinhos brancos são o tesouro desconhecido (ainda?) da Bairrada.

Luis Pato e os vinhos brancos da Bairrada

O famoso enólogo Luís Pato esteve no Brasil por ocasião do evento Vinhos de Portugal. Falou sobre os ainda pouco badalados vinhos brancos da Bairrada.

Considerando que a primeira e principal fama da Bairrada seja pela produção de espumantes (ainda hoje a região responde por quase metade da produção portuguesa), não é curioso que sua segunda fonte de fama sejam os vinhos tintos? E de uva Baga, ainda por cima! Uma uva tânica e de maturação tardia.

2 Vinhos memoráveis!

Foi mesmo um privilégio poder ouvir Luis falar sobre o inegável potencial da região para a produção de vinhos brancos e, claro, seu vinhos. Na mala nos trouxe um presente: o Vinhas Velhas 1990 branco. O primeiro Vinhas Velhas que produziu – que na época não foram vendidos por falta de demanda e hoje são preciosas relíquias.

Fermentado em barris de carvalho (“na época fazia sentido”) e com leveduras nativas (ele tinha “cagaço’ de não usar leveduras selecionadas nos brancos, mas as experiências mostraram que as leveduras de seus vinhedos produziam vinhos melhores que as compradas), o Vinhas Velhas 1990 ilustra um pouco da evolução de Luís como vinhateiro.

Com o fim de ilustrar as uvas locais – Maria Gomes, Bical, Cercial e Sercialinho – e comprovar que os brancos da Bairrada duram “para sempre”, o vinho Vinhas Velhas também foi muito didático. O segredo é a acidez trincante, resultado do clima ameno e da arma secreta: a variedade Sercialinho. Uva rara, cujo maior produtor mundial é, justamente, Luis Pato com seus pouco mais de 1ha.

Aliás, que surpreendente esse Quinta da Ribeira Sercialinho! Um varietal – vinho feito com uma única variedade de uva – como é típico da Bairrada e de Luis Pato, embora atípico de Portugal, onde reinam os blends. Na safra 2020, que provamos (e está disponível para compra na Mistral), a acidez totaliza incríveis 9,5 g/L (o usual nos vinhos equilibrados varia entre 5 e 6 g/L) e salivação que produz em boca é absurda! E boa!

O Sercialinho é cultivado em solo arenoso, outro solo típico da região e reflete a proximidade das praias e do mar. O outro solo principal é o “barro”, de onde vem o nome Bairrada, e que é mais conhecido entre os enochics como “argilo-calcáreo”. Para Luís, a Maria Gomes também se dá melhor no solo arenoso. Seu vinho de entrada Maria Gomes IGP Beira Atlántica é um achado por R$116 na importadora. Leve, fresco e cheio de aromas florais.

Outros vinhos de Luís Pato provados

Juntamente com as preciosidades acima e igualmente especiais provamos:

Luís Pato Vinha Formal 2020: 100% Bical, a uva local responsável por conferir corpo aos blends. Fermenta e estagia em pipas de castanho (“muito melhores que carvalho por 4 razões”). Esse é uma expressão da Bical no solo argilo-calcáreo.

Luís Pato Parcela Cândido 2019: 100% Cercial de solo argilo-calcáreo. já mostra complexidade e promete envelhecer divinamente.

Espumante Vinha Pan 2015: primeiro espumante produzido sem adição de sulfitos no país, 100% blanc de noir de Baga. um brut nature raro, estruturado e complexo.

“Em nenhum lugar do mundo é possível encontrar um vinho branco dessa qualidade e com esse preço!”

Jancis Robinson sobre o vinho Luís Pato Vinhas Velhas. A safra 2020 saí por R$207 na Mistral

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Vinhos da Adega Cantanhede

No episódio também comentei sobre outro produtor da Bairrada que conheci recentemente – a Adega Cantanhede. É uma cooperativa responsável por quase metade da produção da DOC. Os vinhos muito bem feitos e têm preços ótimos. Meu destaque é para a linha Villa Rosa e para o incrível Marques de Marialva Bical.

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