SV#162: A Criolla tá na moda

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Os vinhos da moda – foto: Wines of Argentina

Uvas criollas. Tá todo mundo falando delas e a gente não poderia ficar de fora. No episódio de hoje vamos conferir quem são as uvas criollas e alguns produtores que decidiram explorar esse patrimônio argentino.

E como por aqui gostamos de quebrar paradígmas, que tal uma “criolla” sulafricana? Eles certamente não chamam de criolla por lá, mas a ideia é a mesma: uma jóia local garimpada com esmero.

Participações especiais:

  • Hector Durigutti, da Durigutti Family Winemakers,
  • Norberto Paes – Paso a Paso Wines e
  • Oriana Zamora – Catena Zapata.

Produtores e vinhos comentados neste episódio

Durigutti Winemakers

Hector Durigutti comentou sobre o início de seus trabalhos com as uvas criollas e seus rótulos:

  • Criolla Parral, Criolla Gobelet: um 100% Criolla Chica (conhecida como País, no Chile) produzido com do parral encontrado no vinhedo comprado em Las Compuertas. O vinhedo precisou ser trasladado e, na mudança, optou-se por organizá-lo em gobelet. Um vinho tinto leve, refrescante e frutado. A safra 2022 recebeu 90 pontos Descorchados.
  • Cara Sucia Cereza: da uva Cereza, e não da fruta cereja. Vai até mudar de nome para evitar confusão. Pessoal classifica como rosé mas eu considero um tinto leve, meio clarete (que está ultra na moda!). Confere mais abaixo no post o que escrevi desse vinho quando conheci.

Os vinhos chegam ao Brasil importados pela Domínio Cassis e em Sampa podem ser encontrados na Boutique do Vinho Artesanal. Conheça mais/

Paso a Paso Wines

Norberto Paes nos conta sobre seu trabalho em As Criollas de Don Graciano.- field blend de 4 uvas que originam 4 vinhos diferenciados apenas pela técnica de vinificação

  • Blend Branco Criollas de Don Graciano: 50% Criolla Grande – 25% Moscatel Rosado – 12% Torrontes, 13% Pedro Gimenez. As uvas são enviadas para uma prensa pneumática onde farão uma maceração com a adição de gelo seco para extrair aromas primários e precursores aromáticos.
  • Blend Rosé Criollas de Don Graciano: Co-fermentação das 5 variedades, Criolla Grande sem peles, Bonarda com cachos inteiros e submersos, moscatel, torrontés e pedro gimenez com peles.
  • Clarete Criollas de Don Graciano: 50% Criolla Grande, 25% Mosctel Rosado e os 25% restantes, uma mistura de Torrontés e Pedro Gimenez. A coloração vermelha é dada porque há 15% de Criolla Grande elaborada como tinta e depois cortado com o resto do vinho.
  • Orange Field Blend: esgotou no Brasil. A safra 2022 é Torrontes 30%, Pedro Gimenez 30% e
    Moscatel Rosado 40%. 180 dias de maceração.

Os vinhos chegam ao Brasil através da Família Kogan Wines. Saiba mais.

Matías Morcos

O jovem Matías Morcos contou que busca fazer vinhos para conquistar seus amigos não bebedores. Aos 24 anos foi eleito Enólogo Revelação do Ano pelo Guia Descorchados 2020. Seu trabalho resgata e prestigia as uvas Moscatel, Criolla e Bonarda. Os vinhos chegam ao Brasil através da La Vinheria.

Conheça mais.

Bodegas Níven

Além dos vinhos com Criollas, Lucas Níven se destaca por seu trabalho com uvas pouco conhecidas, de vinhedos antigos que vai garimpando e resgatando pelo país. Buonamico, Bequignol e Machita, uva marroquina, são alguns dos rótulos que chegam ao Brasil através da Domínio Cassis.

Conheça mais.

Catena Zapata

Após anos de estudos a Catena entra na onda das uvas criollas com sua linha La Marchigiana. Uma homanagem à origem da família, que emigrou de Marche na Itália para a Argentina e, no iníco, produzia vinhos com as uvas dos parrais do quintal. Fermentação con leveduras selvagens, uso de ânforas e sem adição de sulfitos são a marca dos 3 rótulos da linha, todos varietais: Criolla Grande, Bonarda e Malbec.

Os rótulos chegam ao Brasil através do portfólio da Mistral. Conheça mais.

Criolla sulafricana?

Não é classificada como “criolla” – até porque essa nomenclatura é argentina – mas, assim como as criollas argentinas, trata-se de uma mutação local na África do Sul: a Semillón Cinza/Rosada. Achei interessante compartilhar neste episódio. A Semillón, uma uva branca de Bordeaux na França, foi muito plantada na África do Sul e alguns vinhedos antigos sobrevivem. Em alguns deles, os produtores começaram a notas que algumas plantas produziam uvas rosadas. Às vezes, o que é ainda mais intrigante.

Suspeita-se que a mudança possa ser uma reação à luz solar, mas isso não explica porque ocorre em algumas safras apenas. História curiosíssima que pode ser conferida aqui.

E o vinho? É o Rooi Groen Semillon, 2021 – importado pela Wines4uEstá classificado no site como rosé, mas ele é trabalhado como um vinho laranja: tem algum tempo de maceração com cascas (não consegui descobrir quanto, mas senti no paladar – uma textura deliciosa que o faz bastante gastronômico.

Acredito que seja um bom vinho para aqueles que ainda não se entregaram “às delícias dos vinhos brancos de maceração” (como pode não gostar? haha). Os aromas são bem cristalinos: grapefruit, gengibre, cáscara de laranja e pêssegos. Em nada lembram a “cerveja de trigo” ou “hidromel” comuns nesse estilo e que incomodam algumas pessoas.

Vinho de uva Cereza – Durigutti


Sistema de condução Gobelet

Uva “criolla” sulafricana


 

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