SV#108: IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina

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Uma conversa com Humberto Conti, proprietário da Villagio Conti – uma das vinícolas que poderá produzir vinhos na recém criada IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina.

Nasce a IP Vinhos de Altitude Santa Catarina

Desde 29/06/2021 o Brasil conta com uma nova indicação de procedência: a IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina. Segunda IP de vinhos do estado – a mais antiga é a IP Vales da Uva Goethe – ouça aqui – a confirmação coroa o trabalho que vem sendo desenvolvido há anos por produtores e EPAGRI, entre outros.

A área delimitada pela IP abrange cerca de 23% da área do Estado. São 41 propriedades em 32 municípios, que vão desde Rancho Queimado até Água Doce. Toda a área está acima de 900 m de altitude.

De acordo com os levantametnos feitos (1), em 2019 Santa Catarina possuía 527 vinhedos de altitude, que somavam 269,3 hectares. Na última década (2009-2019) houve uma redução de 11,6% na área dos vinhedos de altitude em Santa Catarina. As propriedades localizadas nessa região possuem, em média, 6,6 hectares de vinhedo.

São pequenos produtores, a quem a nova certificação deve trazer visibilidade. A expectativa é também incentivar e valorizar nos produtores, contou Huberto na entrevista.

Humberto Conti é o atual presidente da Associação Vinho de Altitude – Produtores & Associados e proprietário da Vinícola Villagio Conti, Fez questão de salientar na entrevista que não foi o resposável pelo início do processo e ainda há muito por fazer e ajustar.

Os requerimentos da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina

No geral, as exigências para a produção de vinhos sob o selo da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina procuraram não exceder o já estabelecido pela regulamentação brasileira.

Esse foi um esforço pensando para incluir o maior número de propriedades, mas algumas especificações acabaram sendo mais rigorosas, como o mínimo de participação da variedade de uva predominante, nos vinhos varietais e os níveis de sulfitos totais e acidez volátil permitidos.

Outras exigências devem ser revistas, como o tamanho máximo de barricas permitido e a restrição ao uso de carvalho.

A produção, exclusivamente em sistema espaldeira ou Y, é restrita à produtividade máxima equivalente 7.000 litros de vinho por hectare/safra, mas há espaço para exceções.

Da mesma forma, as variedades de uvas permitidas atualmente deixa de fora da IP alguns ícones já famosos da região, como o Passione da Leone di Venezia, o Barone da San Michele e o Arancione, do próprio Humberto, na Villaggio Conti.

Não há razão para desespero, explica Humberto. Os produtores apenas precisarão recorrer e solicitar a inclusão das respectivas uvas.

Eu, como fã de blancs de noir, notei a impossibilidade de sua produção no regulamento. Mais um ajuste fino a ser feito nesse projeto, para minha sorte e desfrute!

Próximo passo será a DO? Confira no áudio.

Outras especialidades – IPs e DOs de Santa Catarina

Além da recém obtida IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina. o estado conta com a Indicação de Procedência (IP) – Vales da Uva Goethe – e duas Denominações de Origem (DO): Banana da Região de Corupá e Campos de Cima da Serra – Queijo Artesanal Serrano. Atualmente, Santa Catarina aguarda a concessão dos registros de mais três IGs: Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense, Maçã Fuji da Região de São Joaquim e Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro.

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Fonte (1): VIANNA, L. F. et al. Panorama da vitivinicultura de altitude em Santa Catarina de 2009 a 2019. IN:(PANDOLFO, C.; VIANA, L.F.N. (Orgs.). Vinhos de Altitude de Santa Catarina: Caracterização da região produtora, indicadores e instrumentos para proposição de uma indicação geográfica. Florianópolis: Epagri, 2020. 200p. ISBN 978-65-990745-0-9.

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2 Comments on “SV#108: IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina

  1. Esclarecedor podcast amiga Fabiana!
    Mas o meu receio também foi o seu: essa IP ou as futuras IP vão atingir o meu bolso de qual maneira na aquisição dos vinhos com selo? Eis a questão!
    Abraço!!!!

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